Cindy Sherman e David Byrne, dos Talking Heads |
Cindy Sherman (1954) é uma fotógrafa e diretora de cinema norte-americana, mais conhecida por seus auto-retratos conceituais. Levantou questões desafiadoras sobre o papel e a representação das mulheres na sociedade, a mídia e a natureza da criação da arte. Interessou-se pelas artes visuais, onde começou a pintar. Frustrada com as suas limitações, ela abandonou a pintura.
"Não havia mais nada a dizer - sobre a pintura. Eu estava meticulosamente copiando a arte de outros e então eu me dei conta que eu poderia somente usar uma câmera e colocar em prática uma ideia instantânea."
Cindy Sherman, Untitled #96, 1981. |
Essa foto se chama “Untitled #96″ (um auto-retrato de 1981) e foi arrematada num leilão da Christie’s - em 2011 - por US$3,89 milhões. A venda superou todas as expectativas e entrou para o mundo dos recordes, pelo preço mais alto já pago por uma fotografia.
Os auto-retratos fazem parte de um conjunto de fotos baseadas em cenas de cinema. A ideia de Sherman era interpretar e se imaginar como vários tipos diferentes de mulheres. Tudo nessas fotos é dela: maquiagem, figurino, cenário, fotos e, claro, é a própria modelo. Ela é tudo! Ela é todas!
Cindy Sherman, Untitled #153, vendida em 2012 por US$2,7 milhões.
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Mais recentemente, ela fez uma série em que se produziu ao estilo das mulheres californianas. A ideia era investigar e retratar de um jeito irônico a obsessão que as americanas têm pelo próprio corpo e pelo consumo.
Cindy Sherman |
Ser o outro, centenas de imagens, conhecidas, desconhecidas, imaginárias. Atriz, menina, manequim, prostituta, bronzeada, grotesca, viajante, imperfeita... Uma galeria infinita de personagens e personas, sempre femininas.
“Tento sempre distanciar-me o mais que posso nas fotografias. Embora, quem sabe, seja precisamente fazendo isso que eu crio um auto-retrato, fazendo essas coisas totalmente loucas com esses personagens”.
Sherman vai além do dispor de si, seu corpo é levado para além dos limites de uma identidade pessoal, se torna um corpo qualquer, uma pessoa fabricada, pessoa nenhuma. Daí a dificuldade em classificar sua série de fotografias como auto-retrato. Ela nunca esteve lá. Não ser mais quem se é, ser outro, dissipar-se em ninguém é o que Cindy Sherman perturbadoramente nos propõe.
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