quinta-feira, 25 de julho de 2013

Basquiat... SAMO© as a new form of art...



Jean-Michel Basquiat (1960-1988) enraizou sua arte na experiência da exclusão social, no universo dos migrantes e no repertório cultural dos afro-americanos. Por volta de 1977, aos 17 anos, ele e o amigo Al Diaz começaram a escrever frases em prédios abandonados em Manhattan. Assinando com o pseudônimo SAMO© ("SAMO shit", "same old shit", ou, traduzindo, "a mesma merda de sempre"). Basquiat escreveu frases como: “SAMO© as a new form of art; SAMO© as a alternative of God; SAMO© saves idiots”. 
  








Na década de 1980 a caligrafia visual de Basquiat - com suas referências à anatomia humana, ao rap, ao break dance e à vida nova-iorquina de modo geral - passa a ser reconhecida.

Com isso, a vida de artista marginal estava definitivamente encerrada. Nas últimas intervenções nas paredes da cidade, Basquiat decretou: “SAMO is dead” (Samo morreu).

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Keith Haring... metrô de Nova York...





Keith Haring (1958 – 1990) começou bem cedo a exercer sua arte no espaço público, quando foi morar em Nova York, em 1978.
Sua intenção era produzir uma arte que fosse acessível a todos. Keith ganhou notoriedade com seus desenhos feitos com giz nos murais do metrô da cidade. Em 1980, Haring encontrou um meio altamente eficaz, que lhe permitiu comunicar com o público mais amplo que ele desejava, quando viu os painéis publicitários não utilizados cobertos com papel preto em uma estação de metrô.

Ele começou a criar desenhos em giz branco sobre esses painéis de papel em todo o sistema de metrô. Entre 1980 e 1985, Haring produzido centenas desses desenhos públicos em rápidas linhas rítmicas, criando às vezes até 40 "desenhos - graffiti" em um dia.




quinta-feira, 11 de julho de 2013

Skate... arte...



Meticulosamente escolhidos, ordenados e esculpidos, restos de skates quebrados são transformados em verdadeiras obras de arte pelo artista / skatista japonês Haroshi. Cada elemento, cortado ou com sua forma original mantida é conectado de maneiras diferentes, em técnicas como mosaico de madeira, pontos, camadas, etc.
O artista, apaixonado pelo skate desde adolescência, sempre relutou em jogar fora seus shapes quebrados,  diz que suas obras significam a mesma coisa que seus skates: sua vida, uma ferramenta de comunicação com ele mesmo e com o mundo exterior.



Humano...



terça-feira, 9 de julho de 2013

Jenny Holzer... Protect me from what I want


Importante artista contemporânea, nascida em 1950 nos EUA. Começa a sua produção artística exclusivamente com textos quando se muda para Nova York em 1977, onde propõe uma discussão sobre como a arte é recebida pela sociedade de consumo e o papel que as regras sociais desempenham no relacionamento entre as pessoas, tendo em vista a influência dos meios de comunicação em massa.


O trabalho de Holzer está intimamente ligado com as palavras. Sua produção possui forte carga poética, social e política. Trata de temas como: sexo, morte, poder, guerra, feminismo, amor e individualidade.



 Sua obra Truisms, é uma série de aforismos de forte impacto, fixados em postes, colados em cabines telefônicas e impressos em camisetas, com frases como: “Proteja-me do que eu quero” ou “falta de carisma pode ser fatal”.

Quando é convidada a expor no Times Square,  começa a inserir suas obras em gigantescos painéis de LED e projeções luminosas pelo cenário urbano,  mostra que sua arte não está atrelada a um suporte específico, e dessa forma promove o encontro de Arte-Mídia.

A maioria dos textos utilizados por Holzer são de sua autoria, mas a artista também se apropria de frases encontradas em portas de banheiros, anúncios publicitários, placas de caminhão, cartazes lambe-lambe e muitos outros, para depois reproduzi-las com um novo sentido, como arte.

No Brasil fez três visitas, a primeira no ano de 1998 no Rio de Janeiro, onde a artista traduziu seus truísmos para o português, que foram estampados em portas de táxis, bancas de jornal, outdoors e em centenas de mensagens que espalhou por endereços eletrônicos da cidade.

Jenny Holzer, Rio de Janeiro
Volta ao país em 1999 utiliza a projeção para exibir seus escritos agora nos locais que servem de cartões postais da cidade carioca como o Arpoador e o Pão de Açúcar. Realizou também uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil com o titulo de Protect me from what I want (proteja-me do que eu quero). A partir dessa exposição foi produzido um documentário sobre as obras da artista com a direção de Marcello Dantas.


Já na terceira viagem ao Brasil vai para São Paulo na qual retoma seus truísmos, onde expõe em 31 painéis eletrônicos pela cidade, cinco emissoras de TV, três estações de rádio e pela internet, através de spams.

Jenny Holzer, Rio de Janeiro


Barbara Kruger



"Theodor Adorno pode rolar no túmulo o quanto quiser: hoje a cultura de massa é a medida de nosso tempo. Venha de onde vier – televisão, jornal, outdoor, propaganda, novela das oito, Internet – uma informação nova chega ao nosso cérebro a cada centésimo de segundo para convencer, mostrar (ou esconder) e, sobretudo, vender. Qual o lugar reservado à "verdadeira arte" no meio deste balaio? Alguns artistas puristas até tentaram cortar os pulsos, mas outros mais flexíveis viram que arte e cultura de massa podem se misturar, transformando antigas formas de ver e sentir. Ou ainda, viram a própria massificação como objeto de sua arte. Vide as Campbell’s de Warhol ou as HQs de Lietchenstein" (BARBARA Kruger. Quando ouço a palavra cultura, já pego meu talão de cheques: as bofetadas de Barbara Kruger).


Barbara Kruger nasceu em Nova Jersey, em 1945, seu trabalho mistura imagens publicitárias com frases de efeito, aproximando-se dos anúncios publicitários e campanhas de propaganda política. Questiona o tênue limite ente a arte e a provocação, o anúncio e o poder.

Ela utiliza fotografias retiradas da televisão, filmes, jornais e revistas como matéria-prima e, posteriormente, interfere sobre esse material, recortando, aumentando, distorcendo-o. As cores são poucas: preto, branco e vermelho, mas, mesmo assim, revela-se visualmente bastante atrativo.

O trabalho de Kruger busca criar uma relação, por meio de pronomes, com o espectador de sua obra, como se este fosse, de fato, o consumidor de sua mensagem, tal qual um anúncio publicitário.

“Compre-me. Eu vou mudar sua vida”, “Quando ouço a palavra cultura eu saco meu talão de cheques”, “Amor à venda”, “Suas manias tornam-se ciência”, “Seu conforto é meu silêncio”.

Kruger se utiliza dos próprios veículos e meios de comunicação de massa para divulgar seu trabalho, como outdoors, metrôs, camisetas, caixas de fósforo, pôsteres, sacolas. Neste caso, a cultura de massas e o consumismo que ela tanto critica são aliados fortes para a divulgação do seu material.

A artista trata o espaço público, a representação social e a linguagem na qual intervém tanto como um alvo quanto como uma arma. Nesse caso, ainda segundo Hal Foster, “o artista se torna um manipulador de signos mais do que um produtor de objetos de arte; e o espectador, um leitor ativo de mensagens mais do que um contemplador passivo da estética ou o consumidor do espetacular”

FOSTER, Hal. “Signos Subversivos”. In Recodificação. São Paulo: Casa Ed. Paulista, 1996.





Lawrence Weiner


Lawrence Weiner

Nasceu em 1942. Um dos principais nomes da arte conceitual norte-americana, seu trabalho caminha em direção a desmaterialização da arte.

Em 1968 o artista criou um de seus trabalhos mais famosos, um pequeno livro chamado "Statements". Nele o artista inseriu textos de sua autoria que descreviam projetos. Weiner define essas obras como imagens de esculturas, pois considera a linguagem um material escultórico e acredita que ela pode servir para construir esculturas tão bem quanto a fabricação, de fato, de objetos. 

A partir disso, fez trabalhos que são suas frases ('statements') impressos nas paredes de galerias e museus. São declarações como: 'Muitos objetos coloridos colocados lado a lado para formar uma coluna com vários objetos coloridos' ou 'Quando uso a linguagem eu apresento um trabalho que não impõe uma forma de pegar as coisas, mas impõe minha percepção e minha pesquisa sobre um objeto no contexto puro da arte'

Dedicou-se ao uso da linguagem e ao que se pode assemelhar a uma batalha — fazer com que o espectador aprenda a “LER” arte, frase que utilizou numa pequena publicação, também exposta na Appletone square, e editada em 1991 pela Printed Matter, Inc – “Learn to read art.”

terça-feira, 2 de julho de 2013

Capa de Disco...




Richard Prince... apropriação... praticando sem licença...

Richard Prince
Nascido no Panamá (seus pais são americanos), é uma referência quando se fala em apropriação. São dele as obras que levam o icônico cowboy da Marlboro para o museu, como obras de arte com alto valor de mercado, suscitando inúmeras críticas e reflexões em torno das noções de autoria e originalidade das obras de arte.


Richard Prince, série cowboy americano.

Richard Prince, série cowboy americano.

É dele também a polêmica pintura em cima de uma foto da atriz Brooke Shields muito nova, destacando sua conotação sexual.

Richard Prince começou sua carreira no setor de anúncios da revista Times, o que lhe permitiu entrar em contato direto com o mundo da publicidade e com um enorme arquivo de imagens. Em meados de 1970 ele começou a fazer apropriações deste tipo de conteúdo, muitas vezes inserindo colagens e pintura.

Prince é controverso exatamente por se apropriar do trabalho de outros artistas. Em 2008 começou a responder um processo, quando Patrick Cariou reclamou os direitos autorais de suas fotografias de rastafáris jamaicanos, usados por Prince numa exposição na Galeria Gagosian. A justiça americana inicialmente ficou ao lado de Cariou. Agora em 2013, a decisão anterior foi considerada incorreta, porque Prince teria usado "expressão diferente" e uma "nova estética, com resultados ciativos e distintos" dos de Cariou.



À esquerda, foto da série Yes, Rasta de Patrick Cariou.
À direita, pintura da série Canal Zone de Prince

É interessante citar um texto redigido por Prince em 1977, onde ele definiu seu processo criativo:

Praticando Sem Licença, 1977


“A re-fotografia é uma técnica para roubar (piratear) imagens que já existem, estimulando-as em vez de as copiar, ‘gerindo-as’ em vez de as citar e reproduzindo o seu efeito e aparência do modo mais parecido com a primeira vez em que surgiram. Uma semelhança mais do que uma reprodução, uma re-fotografia é essencialmente uma apropriação de algo que é já por si real sobre uma imagem existente e uma tentativa para adicionar esta realidade em algo mais real, uma realidade real e virtuosa que tem a oportunidade de parecer real, mas uma realidade que não tem qualquer hipótese de se tornar real. A técnica é uma atividade física que coloca um indivíduo atrás de uma máquina fotográfica, um sítio onde não se pode ver nada para além da imagem capturada, um local que dá a oportunidade de ver exatamente como o público eventualmente verá a imagem como um objeto e um local a partir do qual um indivíduo se pode identificar tanto com o público como com o autor.”



Seus assuntos prediletos são: A cultura de massa, a identidade americana, subculturas, anúncios e entretenimentos. Trabalha com séries tais como: Cowboy, Gangs, Joke Painting, Celebrities, Nurse Painting.

É representado pela Gagosian Gallery, Nova York.

Cindy Sherman... todas... qualquer uma... nenhuma

Cindy Sherman e David Byrne, dos Talking Heads
Cindy Sherman (1954) é uma fotógrafa e diretora de cinema norte-americana, mais conhecida por seus auto-retratos conceituais. Levantou questões desafiadoras sobre o papel e a representação das mulheres na sociedade, a mídia e a natureza da criação da arte. Interessou-se pelas artes visuais, onde começou a pintar. Frustrada com as suas limitações, ela abandonou a pintura.

"Não havia mais nada a dizer - sobre a pintura. Eu estava meticulosamente copiando a arte de outros e então eu me dei conta que eu poderia somente usar uma câmera e colocar em prática uma ideia instantânea."

Cindy Sherman, Untitled #96, 1981.

Essa foto se chama “Untitled #96″ (um auto-retrato de 1981) e foi arrematada num leilão da Christie’s - em 2011 - por US$3,89 milhões. A venda superou todas as expectativas e entrou para o mundo dos recordes, pelo preço mais alto já pago por uma fotografia.
Os auto-retratos fazem parte de um conjunto de fotos baseadas em cenas de cinema. A ideia de Sherman era interpretar e se imaginar como vários tipos diferentes de mulheres. Tudo nessas fotos é dela: maquiagem, figurino, cenário, fotos e, claro, é a própria modelo. Ela é tudo! Ela é todas!
Cindy Sherman, Untitled #153, vendida em 2012 por US$2,7 milhões.
Mais recentemente, ela fez uma série em que se produziu ao estilo das mulheres californianas. A ideia era investigar e retratar de um jeito irônico a obsessão que as americanas têm pelo próprio corpo e pelo consumo.

Cindy Sherman

Ser o outro, centenas de imagens, conhecidas, desconhecidas, imaginárias. Atriz, menina, manequim, prostituta, bronzeada, grotesca, viajante, imperfeita... Uma galeria infinita de personagens e personas, sempre femininas.
Cindy Sherman
Tento sempre distanciar-me o mais que posso nas fotografias. Embora, quem sabe, seja precisamente fazendo isso que eu crio um auto-retrato, fazendo essas coisas totalmente loucas com esses personagens”.

Sherman vai além do dispor de si, seu corpo é levado para além dos limites de uma identidade pessoal, se torna um corpo qualquer, uma pessoa fabricada, pessoa nenhuma. Daí a dificuldade em classificar sua série de fotografias como auto-retrato. Ela nunca esteve lá. Não ser mais quem se é, ser outro, dissipar-se em ninguém é o que Cindy Sherman perturbadoramente nos propõe.