quinta-feira, 24 de setembro de 2015

foi... já era...

Pixação muro de condomínio em Jardim da Penha
 Vitória ES
Se há um conceito que eu gosto na arte de rua é a sua perenidade ... quando a arte ousou sair do Museu tornou-se, por consequência, “pública”. A adoção dos espaços públicos imprime novas questões: a imperceptibilidade da obra de arte como tal, o artista-anônimo, a efemeridade da obra e a sua dissolução na cidade. A obra, antes substantivo/objeto, constitui-se agora como verbo/processo, uma vez que a relação entre a arte e o lugar não se dá mais pela permanência física, mas pela experiência da impermanência...

Há, na arte de rua, a percepção de uma data de validade. Há a noção de que somos todos substituíveis, finitos. Há uma sugestão do nosso tempo atual em que as pessoas não idolatram obras de pintores... 
Ou não... tem sempre alguém $$$ querendo quebrar o muro e levar um Banksy para casa...

É preciso romper com a ideia original de que “remover o trabalho é destruir o trabalho”... O artista utilizou a “linguagem da cidade” para provocar o exercício da reflexão num público anestesiado. Por que o próprio artista deseja manter a “aura” do objeto por ele produzido?

À rua é preciso propor... nada mais... Não devemos corrigir o pedestre-espectador, nem mudar seu ritmo, que deve continuar com o trato da paisagem cotidiana...

A rua não aceita ideias nem teorias estranhas a si mesma. Arte de rua não é colocar o velho para tomar sol ...  A não existência da obra, a não necessidade de estar presente, a efemeridade de estar, a possibilidade “aberta” de concretizar atos diferentes dos propostos nos converte a todos em criadores.

A obra desencadeia, não limita...  como afirma Duchamp “é o espectador quem faz a obra”. O significado de uma obra de arte reside não na sua origem, mas na sua destinação...